POR EUGES LIMA
Historiador, professor, bibliófilo e ex-presidente do IHGM
Em
dois de dezembro, o poeta Almeida Galhardo estará completando o seu centenário (1922/2022)
e, portanto, oportunamente será um dos homenageados da 15º Feira do Livro de
São Luís, a Felis, que será realizada entre os dias 5 e 13 de dezembro, na
Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Ao mesmo tempo, essa lembrança, representa
um resgate literário de um poeta esquecido da geração de 1940. Suas poesias à
época eram bem populares, a exemplo de “Gaivotas e Cruz de Ouro”. Mas quem foi
realmente Almeida Galhardo? Qual sua importância para nossa poesia e literatura?
Para
o escritor Carlos Cunha (1969): “Havia em Galhardo um poeta extraordinariamente
lírico, pois ele era um cantor dominado pelos sentimentos [...] Havia em
Almeida Galhardo ou Francisco de Almeida Soares um profundo amor pelas alturas
[...] É muito pequena esta homenagem que presto a um dos nossos maiores poetas.
Mas os grandes homens são assim: nascem e morrem depressa para que as suas
obras permaneçam eternas entre os vivos [...] Mas quem agora de bom senso [...]
não recorda o poeta de Tutóia, da terra das areias brancas que será cantado
enquanto houver poesia na terra?” Vera-Cruz Santana
(1949), que foi seu amigo e companheiro de geração, ressaltou: “Galhardo é
poeta de verdade. Ele, como Castro Alves. Sentia em si o borbulhar do gênio”.
Almeida
Galhardo era um dos mais promissores poetas de sua geração. Era centrista, foi
membro fundador do Centro Cultural Gonçalves Dias (CCGD), em 1945; atuante
agremiação literária que congregava a nova geração de poetas maranhenses de São
Luís, onde ocupou a cadeira patrocinada por Maranhão Sobrinho. Faziam parte
dessa associação, nomes como Nascimento Morais Filho, Ferreira Gullar, Lago
Burnett, Vera-Cruz Santana, Reginaldo Teles, João Lima Sobrinho, Celso Bastos,
Tobias Pinheiro Filho e tantos outros jovens poetas que começavam a projetar-se
no cenário literário local nesse período. Boa parte desses poetas ficou famosa,
compuseram depois os quadros da Academia Maranhense de Letras, construíram
carreiras sólidas, sejam regionalmente ou nacionalmente e publicaram obras
importantes. Galhardo viveu em São Luís entre os anos de 1930 e1940 e encantou
seus leitores com suas talentosas poesias.
O
vate maranhense nasceu em Tutóia, Maranhão, no dia 2 de dezembro de 1922 na Rua
Senador Leite. Seu pai era Pedro Luiz Soares, funcionário público federal da
Mesa de Rendas (Alfandega) e sua mãe era Joaquina de Almeida Soares. Ele tinha
sete irmãos: Rosa Soares Caldas, Maria de Lourdes Soares Ramos, Antônia de
Almeida Soares Maia, Maria da Glória Soares da Cruz, Paulo de Jesus de Almeida
Soares, José Ribamar de Almeida Soares e Joaquim Pedro de Almeida Soares. Seu
nome de registro era: Francisco das Chagas Almeida Soares.
Veio para São Luís ainda adolescente, aos 14 anos,
trazido pelo pai, a fim de estudar no Seminário Santo Antônio para ser padre.
Após sete anos de vida religiosa, aos vinte e um anos, em 1943, o jovem Chagas
Soares, como era chamado pelos seus colegas seminaristas, percebeu que não
tinha vocação para o sacerdócio e finalmente, deixou o claustro, iniciando sua
carreira como jornalista, poeta e aviador. Seu primeiro emprego foi como
jornalista do “Correio da Tarde”, depois trabalhou nos Diários Associados e por
fim, no Diário de São Luís. Também trabalhou como fiscal na Prefeitura de São
Luís. O pseudônimo Almeida Galhardo surgiu quando ainda era seminarista e
estava começando a publicar suas primeiras poesias no jornal “Correio da
Tarde”. Para não se identificar, passou a utilizar esse pseudônimo, que adotou
definitivamente a partir daí.
Infelizmente, numa tragédia que gerou comoção e
abalou a cidade de São Luís naquela tarde do dia 8 de agosto de 1948, o vate
maranhense, cognominado por seu contemporâneo, Lago Burnett, de “o poeta das
gaivotas”, tragicamente, morreu jovem, aos 25 anos, em um acidente de avião que
ele pilotava ao sobrevoar o então povoado da Forquilha.
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