Pastor Henrique Vieira e Ana Paula Lima seguram material sobre segurança nas escolas |
Educadores e deputados sugeriram foco em ações de inteligência e combate à cultura de ódio
Educadores ouvidos na quarta-feira (20) pela Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados disseram que medidas como a instalação de detectores de metal e a presença de segurança armada nas instituições de ensino não resolvem o problema da violência nas escolas. Pelo contrário, podem estimular esse tipo de ataque.
O professor de Educação da Universidade de São Paulo Daniel Cara foi enfático ao afirmar que “a melhor prevenção é que o ambiente escolar seja democrático e saudável”. Ele acrescentou que há uma tese, chamada teoria da janela quebrada, que demonstra a correlação entre espaços degradados e aumento da violência.
Conforme Daniel, que coordenou o grupo de trabalho de Educação do gabinete de transição do novo governo Lula, o Brasil é atualmente o segundo país do mundo com mais casos de ataque a escolas, atrás apenas dos Estados Unidos.
A docente relatou que, desde 1989, algumas instituições de ensino norte-americanas contam com segurança armada. Hoje, segundo Catarina, especialistas de lá “clamam” por sua retirada, porque os ataques até aumentaram.
“A inserção nas escolas de artefatos de segurança, tais como catracas, detector de metal e segurança armada, não vai enfrentar o impacto do extremismo de direita nos jovens. Pelo contrário, eles querem esse confronto”, declarou a professora da UnB.
Assim como os demais debatedores, Vieira defendeu que as forças de segurança foquem principalmente em inteligência, uma vez que os ataques são organizados pela internet.
“Há uma cultura instaurada que estimula esse tipo de comportamento entre jovens, que é uma cultura de ódio, de preconceito, de discriminação”, lamentou. “Precisamos de ações interdisciplinares que possam enfrentar a cultura do extremismo e valorizar a escola como espaço de diversidade.”
Segundo a deputada Ana Paula Lima (PT-SC), que também pediu a audiência, o aumento da violência nas escolas é reflexo do ambiente político vigente no Brasil nos últimos anos.
A professora Catarina de Almeida ressaltou ainda que o crescimento da violência escolar acompanha o aumento do número de armas em circulação no País. De acordo com a docente, a população civil brasileira já tem um arsenal sete vezes e meia maior que aquele que está nas mãos das forças de segurança
Fonte: Agência Câmara de Notícias
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