quinta-feira, 9 de junho de 2022

TUTÓIA, FRAGMENTOS DE SUA HISTÓRIA: Praça Getúlio Vargas


Há dias eu rondo a Praça Getúlio Vargas para descobrir a placa de inauguração dela, não há na praça porque, se existiu, foi arrancada. É natural que, numa inauguração, haja uma placa. Por que o meu interesse? Datas... Gosto de datas e nomes completos.


Enquanto isto, eu até para pedir ajuda aos universitários e pessoas outras que possam me ajudar, escrevo este textim sobre a Praça Getúlio Vargas. Falar dele [Getúlio], creio não ser necessário. Grande vulto da história política brasileira. O cara que chegou ao poder, com o golpe de 4 de outubro de 1930, com a promessa de acabar com a oligarquia rural, encastelada no poder desde o golpe que tirou a família real do poder.


Em Tutóia mesmo, há mais de 40 anos mandava e desmandava o coronel Paulino Gomes Neves, dono de todos os cargos importantes, ocupados por familiares, amigos, correligionários e quem caísse na graça dele. Era dono também de diversas mulheres. Teve 13 filhos com a oficial, Maria José Gallas Almeida Neves, e dezenas de outros com diversas mulheres “dadas” da cidade e regiões vizinhas. Era um garanhão, afirmam os troncos velhos. Mesmo com o golpe de 4 de outubro de 1930, ele pouco foi atingido. Perdeu alguns anéis, mas ficou com todos os dedos nos seus devidos lugares.


O coronel Paulino Gomes Neves tinha costa larga, também. Fazia-lhe forte o apoio do amigo, sócio e parente Franklin Gomes Véras, rico comerciante no Maranhão e no Piauí, grande líder político, com mandato de deputado estadual pelo primeiro Estado.


Foi Franklin Gomes Véras quem o ajudou a construir Tutóia Nova. Primeiro, com a lei estadual nº 297, de 16 de abril de 1901, que elevou à categoria de Vila, com denominação de Tutóia, no município deste mesmo nome, a povoação Porto de Salinas, e transferiu, para a nova Vila, a sede do mesmo município, no Governo de J. G. Torreão da Costa. Segundo, com a construção de diversas casas, residências e pontos comerciais. Terceiro, com a reforma da Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré. Além de uma generosa doação em dinheiro, mandou vir, da Parnaíba, em barcos, os tijolos para o “novo” templo. Os moradores, em fila indiana, carregaram os tijolos, um a um, do porto até o lugar da construção. 


As crianças das famílias dele e do coronel Paulino Gomes Neves, simbolicamente, entregaram os tijolos embrulhados em papel de presente. 


O coronel Paulino Gomes Neves, a pedido da esposa, muito religiosa, Maria José Gallas Almeida Neves - Zuza Neves, vendeu o piano da filha mais velha, Neomésia Neves, e, com o dinheiro arrecadado, mandou vir da Europa dois sinos, de bronze, para a “nova” igreja, iniciada por volta de 1893 e concluída em 1942.


Certo que, com o golpe de 4 de outubro de 1930, o coronel Paulino Gomes Neves teve abalo no seu mandonismo de mais de 40 anos. E quem ousou fazer-sombra foi o antigo aliado, também comerciante e líder político, vereador diversas vezes (em São Bernardo e Tutóia), presidente da Câmara Municipal, vice-prefeito e prefeito, este cargo, também, diversas vezes, coronel Lucas Cardoso Véras. Convém observar que o único filho de Lucas Cardoso Véras casou-se com uma das filhas do coronel Paulino Gomes Neves, a prendada senhorita Maria José de Almeida Neves – Santinha. Lucas Cardoso saiu-se melhor porque viveu mais tempo, faleceu a 1 de janeiro de 1956, enquanto que Paulino Gomes Neves, a 11 de agosto de 1941. Os dois líderes estão sepultados no Cemitério da Igualdade na Tutóia Nova.


Resumindo: Uma obra de destaque do prefeito Lucas Cardoso Véras, na administração de 1952 a 1956, foi a construção da Praça Getúlio Vargas, no Largo da Igreja Matriz, centro, onde a banda do maestro Bastinho passou a se apresentar aos sábados e domingos. O local logo virou ponto de encontro da juventude, com os rapazes circulando no sentido contrário ao das moças, favorecendo a paquera.


O maestro Bastinho, de nome real Sebastião de Almeida Martins, era egresso da Banda de Música da Polícia Militar do Estado, onde servia como soldado músico, veio para a nossa cidade para montar o primeiro grupo musical de Tutóia. Bastinho montou, ainda, a Banda Municipal, com cerca de 40 integrantes. Bons músicos foram preparados por ele, entre outros, Merval de Oliveira Melo e Gerson da Feliciana.


Merval de Oliveira Melo era trombonista. Convocado pelo Exército para servir nas Forças Expedicionárias Brasileiras, na luta contra os alemães, na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial, e dispensado, por ser músico, ficando lotado na banda do batalhão, como sargento. Merval de Oliveira Melo foi prefeito de Tutóia em duas administrações. Gerson da Feliciana, tocador de tuba, também foi incorporado à instituição, onde fez carreira como músico até o posto de oficial.


Praça Getúlio Vargas, que tem ao redor, prédios históricos como a Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, a Câmara Municipal, a Prefeitura de Tutóia, lojas tradicionais, padaria, e onde se realiza aos sábados, das 17 às 22 horas, a Feirinha Meus Teréns, organizada pelo músico e professor Severino Santos.


Praça Getúlio Vargas, de Zelinda Neves, com a sua residência de relógio do sol, de Lucas Cardoso Veras e da esposa deste, Maria Ibiapina Véras, conhecida como Cotinha Véras. Filha de Antônio Pereira Ibiapina. Irmã de Antônio Pereira Ibiapina Filho, auxiliar da casa comercial de M. A. Barros & C., em São Luís, casado com Amélia de Caldas Ibiapina, e de Zina de Caldas Ibiapina, falecida em Parnaíba, a 24 de novembro de 1919, de Mario Brandão de Medeiros, esposo da professora Terezinha Medeiros, do senhor Geovane Oliveira, da Farmácia Santo Onofre, da dona Jesus da farmácia (que nos dias de hoje é do seu neto Daniel Castelo Branco).


A disputadíssima Mesa de Rendas Federal ficava em frente à Praça Getúlio Vargas e nela moravam os administradores.


Pertinho da Praça Getúlio Vargas, na Rua Senador Leite, moravam Naíza Neves e Dácio Neves, irmãos de Zelinda Neves.


Coronel Arthur Athayde morava, também, pertinho, na casa que hoje funciona o Colégio Presidente Castelo Branco.


Praça Getúlio Vargas, da boa gente, ordeira e trabalhadora de Tutóia Nova.


Melhor seria se fosse Praça Lucas Véras.

Um caso a pensar. Com fé, esperança e amor.


Fotos (nessa ordem)

Praça, com Canteiros bem cuidados

Feirinha Meus Teréns

Flávio Merequeta e Severino Santos

Residência de Zelinda Neves (não mais existente, há prédios comerciais atualmente no local)

Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré



TEXTO: KENARD KRUEL, 07.11.2021


Prédio da Prefeitura




Nos ajudem a indentificar as fotos originais e seus autores. 



VIA BLOG ELIVALDO RAMOS

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