quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Assassinato de miss comove a Venezuela




O assassinato da miss Mónica Spear e seu marido gerou comoção na Venezuela, um país em que dezenas de pessoas morrem de maneira violenta a cada semana.

Mónica foi Miss Venezuela em 2004 e atualmente era uma atriz popular. Ela e o marido, o empresário irlandês Henry Thomas Berry, foram mortos em uma estrada na região central do país na noite de segunda-feira (6).
 
Os desdobramentos do crime nos meios de comunicação da Venezuela e o debate gerado nas redes sociais podem dar a impressão de que este é um episódio nunca visto, alarmante pelo grau de violência gratuita e pela importância da vítima.

Mas, as histórias de mortes violentas de venezuelanos são coisas rotineiras. As chamadas páginas vermelhas da imprensa local relatam com detalhes muitos casos de mortes durante assaltos, em tiroteios entre grupos de criminosos ou em ajustes de contas.

Tantos casos na imprensa acabaram banalizando a violência. Ainda que sejam grandes tragédias pessoais ou familiares, para o conjunto da sociedade o fenômeno se transformou em algo repetitivo.


No entanto, o que casos de maior repercussão como o da miss e seu marido e até os casos considerados mais comuns deixam claro é a insensatez da violência no país, onde muitas vezes uma pessoa é morta pelos motivos mais fúteis.

 

Obstáculo na pista

 
As primeiras investigações indicam que Mónica Spear e seu marido foram vítimas de um golpe comum na Venezuela e também muito conhecido no Brasil. Os assaltantes colocaram um obstáculo na estrada em que o casal viajava, entre Puerto Cabello e Valência, no centro do país, atingindo o veículo.

A versão oficial afirma que os dois foram obrigados a parar e, enquanto eram atendidos pelo guincho, o grupo de assaltantes apareceu e, por razões que ainda não foram esclarecidas, dispararam contra a família, que buscou refugio dentro do carro.

Este tipo de explosão violenta aparentemente injustificada é comum na Venezuela.

A insegurança é um problema que não se restringe a uma classe social no país. Do empresário ao trabalhador, ou até a Miss Venezuela que passeava durante as férias, todos podem acabar integrando as estatísticas que, em 2013, contaram mais de 24 mil mortes no país, segundo o relatório do Observatório Venezuelano da Violência (OVV), um órgão não-governamental.

Segundo o OVV, em 2003 foram 11.342 homicídios e, em 2013, foram 24.763.

Os números oficiais, apresentados pela primeira vez em dez anos pelo governo, falam de um número menor mas ainda alarmante: 16 mil mortos em 2012. Em média 43 por dia.

Com estes números, não é de se estranhar que na Venezuela qualquer pessoa consiga relatar algum caso de violência envolvendo amigos e familiares.

Mas, a repetição destas histórias transformaram a violência em algo comum. Até que alguém como Mónica, atriz popular, jovem mãe, é morta. Aí a indignação se espalha.

O debate sobre o caso não destaca apenas a preocupação e tristeza dos cidadãos mas também a onipresente polarização política na sociedade venezuelana.
 
 
 

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