quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Embratur teme retrocesso no turismo por corte de orçamento em ano de Copa

Iara Guimarães Altafin

O corte de R$ 30 milhões nos recursos destinados à Embratur no Orçamento da União para 2014, aprovado na madrugada desta quarta-feira (18) pelo Congresso, poderá comprometer as ações de fidelização dos turistas que visitarão o país no próximo ano. O alerta é do presidente da Embratur, Flávio Dino, que participou de audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR).

Conforme explicou, a redução de recursos não deve afetar diretamente o número de turistas durante Copa, uma vez que ações de divulgação vêm sendo feitas desde 2009 e devem garantir, em 2014, a vinda ao país de cerca de sete milhões de turistas estrangeiros. O problema, disse, são as atividades de acolhida que devem ser feitas durante a Copa visando à fidelização desses turistas, para que retornem ou recomendem os destinos brasileiros quando voltarem a seus países.

– Se não formos competentes no receptivo, na infraestrutura e nas ações promocionais, os megaeventos ficarão, do ponto de vista histórico, como uma espécie de ato que não conseguiu se confirmar no momento seguinte – alertou.

Ao partilhar da preocupação do presidente da Embratur, a senadora Ana Amélia (PR-RS) disse ser injustificável que o país reduza o orçamento de turismo “no ano de realização de um evento da magnitude da Copa do Mundo de Futebol”. Também o presidente da CDR, Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), considerou urgente a recomposição do orçamento do órgão.

Novo modelo de gestão

Na audiência, foi discutido anteprojeto de lei que visa ampliar as funções da Embratur. Atualmente, o órgão responde pela promoção do país no exterior, ficando com o Ministério do Turismo políticas e programas para o turismo em território nacional. Pela proposta, a Embratur seria transformada em Agência de Promoção do Turismo Brasileiro e agregaria o conjunto de ações do setor, no Brasil e no exterior.

O anteprojeto também regulamenta mecanismos de parceria com o setor privado, que poderão ocorrer por meio de termos de cooperação, de patrocínio a eventos privados destinados à promoção turística e de parceria com estados e municípios.

Conforme Flávio Dino, o objetivo é construir uma política de Estado para o setor, que leve em conta interesses do setor privado, dos turistas e principalmente da população. O anteprojeto está sendo submetido a consulta pública e deverá ser enviado ao Congresso no próximo ano.

Para Eduardo Sanovicz, presidente da Associação Brasileira de Empresas Aéreas, o novo modelo de gestão deve prever financiamentos perenes e equilíbrio entre interesses estratégicos do país e rentabilidade da atividade turística.

Preço de passagens aéreas

Sanocicz defendeu ainda a redução da carga tributária sobre a aviação como condição para crescimento do turismo doméstico, sendo apoiado por Márcio Santiago de Oliveira, vice-presidente da Confederação Brasileira de Convention & Visitors Bureaux.

Para a senadora Lídice da Mata (PSB-BA), o importante é a adoção de medidas que resultem na redução do preço cobrado dos usuários.

– Vocês reivindicam uma menor taxação do setor aéreo e nós reivindicamos um preço de passagem menor. É preciso encontrar um ponto de equilíbrio, pois só num jogo de ganha- ganha podemos caminhar. Esse jogo de perde e ganha não é bom nem para um e nem para outro – disse a senadora.

Greve

Durante a audiência pública, o senador Rubem Figueiró (PSDB-MS) manifestou preocupação com a possibilidade de greve de aeronautas e aeroviários na semana do Natal, conforme tem sido divulgado pela imprensa. O sindicato da categoria ainda não chegou a acordo com as empresas aéreas sobre o índice de reajuste salarial, mas Eduardo Sanovicz se disse confiante nas negociações e acredita que a greve será evitada.

Agência Senado

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