O Plenário do Senado aprovou em votação simbólica a minirreforma
eleitoral, com medidas que, de acordo com seu autor, senador Romero Jucá
(PMDB-RR), têm por objetivo diminuir os custos das campanhas e garantir
mais condições de igualdade na disputa eleitoral entre os candidatos. A
matéria segue para sanção presidencial. Segundo afirmou Jucá, as
mudanças serão válidas já para as eleições de 2014.
- A minirreforma eleitoral vale para 2014, porque não muda regras de
eleição, mudamos apenas regras administrativas e procedimentais, que
criam procedimentos de fiscalização, de transparência, de gasto. Não há
nenhuma mudança que impacte o direito de cada um de disputar eleição –
afirmou Jucá.
O PLS 44/13
foi aprovado no Senado em setembro, mas voltou à análise da Casa porque
a Câmara fez alterações ao texto do relator, senador Valdir Raupp
(PMDB-RO).
Principais mudanças
Uma das mudanças eleitorais foi a inclusão da proibição de uso de
bonecos gigantes, comuns em época de eleição. Os deputados mantiveram na
minirreforma a proibição de propagandas como cartazes, placas, muros
pintados em bens particulares. Mas ficam permitidos adesivos com tamanho
máximo de 40 por 50 centímetros.
O texto aprovado proíbe, em vias públicas, propagandas eleitorais em
cavaletes e cartazes. Nas vias públicas, será permitido o uso de
bandeiras e de mesas para distribuição de material, contanto que não
dificultem o trânsito de pessoas e veículos. A proposta também proíbe a
substituição de candidatos a menos de 20 dias das eleições e obriga a
publicação de atas de convenções partidárias na internet em até 24
horas.
Para o presidente do Senado, Renan Calheiros, a minirreforma vai
reduzir de maneira significativa os gastos nas campanhas eleitorais.
- Como todos sabem, a eleição no Brasil é das mais caras do mundo – disse Renan Calheiros.
Os senadores decidiram recolocar no texto o limite de contratação de
cabos eleitorais. Agora, a contratação de cabos eleitorais fica limitada
a 1% do eleitorado em municípios com até 30 mil eleitores.
Acima disso,
será possível contratar uma pessoa a cada mil eleitores a mais.
O texto aprovado nesta quarta-feira (20) não altera a proibição de
doações a candidatos por parte de concessionárias e permissionárias de
serviços públicos. Essa proibição já é prevista na Lei 9.504/1997 e a parte que flexibilizava essa proibição foi retirada do texto final.
Financiamento público exclusivo
Vários senadores criticaram que a minirreforma deixou de fora pontos
importantes como o financiamento público exclusivo de campanha. Outros
também levantaram dúvidas sobre a aplicação das novas regras já nas
eleições de 2014. Mas o senador Jucá garantiu que as modificações
valerão já para as eleições do ano que vem.
O maior crítico da minirreforma foi o senador Mozarildo Cavalcanti
(PTB-RR). Para ele, o texto aprovado “não contribui em nada para o
aperfeiçoamento nem para a democratização do debate eleitoral”.
- Nós somos um minicongresso, por acaso, para estar aprovando
minirreformas? Por que é que a gente nunca faz uma reforma para valer?
Essa minirreforma nada mais é do que um esquema para proteger donos de
rádio e de televisão – afirmou Mozarildo.
O senador Wellington Dias (PT-PI) concordou com as críticas de Mozarildo.
Já o senador Mário Couto (PSDB-PA) afirmou que a minirreforma “é um
avanço substancial na democracia e na liberdade das eleições
brasileiras”. Ele ponderou que o melhor seria “uma ampla reforma
eleitoral”, mas que as mudanças aprovadas nesta quarta-feira (20) dará
sim mais condição de igualdade aos candidatos nas campanhas eleitorais.
O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) foi um dos que reclamaram de o
Congresso não ter conseguido consenso para aprovação do financiamento
público exclusivo das campanhas, o que, para ele, modificaria de
maneira realmente profunda a influência do poder econômico nas eleições.
Na mesma linha, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) também
lamentou que o financiamento público exclusivo das campanhas não vigore
no Brasil.
- Não é uma reforma que muda as estruturas do sistema eleitoral e do
sistema político. Isso só vai acontecer com o financiamento público de
campanhas. Hoje, grandes conglomerados financeiros e econômicos
desequilibram as campanhas e o processo eleitoral – disse Randolfe.
Eleições de 2014
Também o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) também fez duras
críticas ao alcance limitado das alterações. Ele colocou em dúvida se
todas as mudanças realmente poderão valer para as eleições de 2014.
- Perdemos a oportunidade de fazer mudanças mais significativas, na
verdade é uma ‘nanorreforma’ eleitoral. Vai criar mais confusão que
esclarecimento. Vai acabar ficando pro TSE decidir – disse.
Para o senador José Agripino (DEM-RN), o limite à contratação de
cabos eleitorais é moralizadora do processo eleitoral, pois acabará com a
“prática de compra de votos disfarçada de forma escrachada”.
- Há candidatos que contratam 40 mil bocas de urna no dia da votação, na verdade são votos comprados – disse.
Depois da aprovação do projeto, Jucá afirmou que as mudanças vão baratear e dar mais transparência às campanhas.
- Estamos criando padrões de gastos para que os tribunais eleitorais e
o Ministério Público possam fiscalizar a eleição e possa ter mais
equidade nas eleições. São medidas salutares que criam mais
transparência no processo eleitoral – afirmou Jucá.
O senador Benedito de Lira (PP-AL) afirmou que o Senado estava
aprovando “um arremedo de última hora para dar satisfação à sociedade”.
- Eu lamento profundamente que nós hoje estejamos reunidos para
tratar desta matéria, que não traz eficácia nenhuma para as eleições de
2014 – opinou.
Fonte: Agência Senado
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