A nova Lei Anticorrupção poderá frear as terceirizações de alguns
setores da economia no Brasil. Isso porque, ao ser responsabilizada
diretamente por quaisquer atos de corrupção que a beneficiaram, a
empresa passa a ter mais interesse em trazer para dentro da organização
os prestadores de serviço e funcionários terceirizados que lidam com o
poder público, licitações e dinheiro, como despachantes, representantes
comerciais, contadores e consultores.
Tema central da Justiça do
Trabalho atualmente, a terceirização ainda será muito debatida em 2014
pelo Judiciário. Os limites do que pode e o que não pode ser
terceirizado variam no entendimento dos tribunais, mas, em geral, a
linha que se tem seguido é a da atividade-fim. Ou seja, o principal
negócio da empresa não pode ser terceirizado. Atividades como a
contadoria ou de despachante não estão, normalmente, nesse grupo, mas
geram riscos à empresas se não foram controladas de perto.
A ideia é que a cultura do “jeitinho brasileiro” é difícil de mudar. O
despachante acostumado a pagar a chamada “taxa de urgência” — ou seja, a
propina para que um serviço burocrático seja executado, ou uma licença
concedida — provavelmente será mais facilmente treinado ou controlado se
estiver dentro da empresa. Lá, por exemplo, ele estará sujeito à hotline — linha interna para que funcionários denunciem à empresa atitudes que podem ser vistas como corrupção.
O movimento de internalizar prestadores de serviço já começou, afirma Maria Sylvia de Toledo Ridolfo (foto),
sócia do Miguel Neto Advogados, que atua na área de compliance. Segundo
ela, alguns clientes já foram ao escritório dizer que estão fazendo
isso para evitar problemas com a nova Lei Anticorrupção. A advogada cita
os exemplos de companhias que lidam com muitas licitações e serviços de
exportação e importação, que têm de adaptar uma estrutura maior para
levar os terceirizados para dentro da empresa. “De qualquer forma
encarece, pois os custos trabalhistas são altos, além da necessidade de
mais espaço físico.”
O movimento de “desterceirização” ainda é lento porque os empresários estão esperando “para ver se a lei vai pegar”, explica Rafael Lara Martins, sócio do escritório Rodovalho Advogados. Com o passar do tempo, diz Martins, deve acontecer com mais frequência.
Fonte: Consultor Jurídico
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