O anúncio da nomeação a cardeal do arcebispo do Rio, d. Orani João
Tempesta, de 63 anos, feito na manhã deste domingo pelo papa Francisco
não foi nenhuma surpresa, afinal a arquidiocese é tradicional sede
cardinalícia. Inesperado foi o fato de outro brasileiro, o arcebispo de
Salvador e primaz do Brasil, d. Murilo Krieger, de 70 anos, não ter
entrado na lista, pois Salvador, a diocese mais antiga do País, também é
sede cardinalícia. O fato de ser tradicionalmente governada por um
cardeal não significa, porém, uma regra que o papa tenha de obedecer.
Aliás, o papa não tem de obedecer nada neste particular – a escolha é
dele.
A relação dos escolhidos de Francisco tem algumas novidades
interessantes, como a nomeação de um haitiano, d. Chibly Langrois, de 55
anos, bispo de Les Cayes. Ele é o mais moço dos novos cardeais e ocupa
uma diocese do interior, não a da capital, Porto Príncipe. É um dos
cinco representantes da América Latina na relação. Os outros são os
arcebispos de Buenos Aires, Santiago do Chile, Manágua e Rio de Janeiro.
Dos 16 nomeados, quatro são membros da Cúria Romana, entre eles d.
Lorenzo Baldisseri, secretário do Sínodo dos Bispos e ex-núncio
apostólico no Brasil.
Muito interessante a inclusão de d. Loris Francesco
Capovilla, de 98 anos, que em 1988 renunciou à arquidiocese de Loreto e
foi morar em Sotto Il Monte, na região de Bergasmo, a cidadezinha natal
do papa João XXIII, de quem foi secretário particular. No fim do ano
passado, Francisco telefonou a d. Capovilla e o convidou para visitá-lo
em Roma. O arcebispo emérito (aposentado) prometeu ir para a canonização
de João XXIII e João Paulo II, em 27de abril.
Agora, terá de viajar antes, para o consistório de 22 de
fevereiro, quando os novos cardeais serão oficialmente nomeados. D.
Capovilla e outros dois escolhidos – d. Fernando Sebastián Aguilar,
arcebispo emérito de Pamplona, e d. Kelvin Edward Felix, emérito de
Castries, capital de Santa Lúcia, nas Antilhas – recebem o título pelos
serviços prestados à Igreja. Como ambos têm mais de 80 anos, não são
mais eleitores no conclave para a eleição do papa.
Com a nomeação de 16 cardeais com direito a votar, Francisco
refaz o número de 120 eleitores, aqueles que têm menos de 80 anos.
Havia, até hoje cedo, 13 lugares vacantes e outros três ficarão vacantes
até maio – o que significa que, com os 16 nomes anunciados, o quadro
ficará completo. Nele não entram os três octogenários não eleitores
homenageados pelo papa.
Fonte: Estadão Brasil
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