Iara Guimarães Altafin
O corte de R$ 30 milhões nos recursos destinados à Embratur no
Orçamento da União para 2014, aprovado na madrugada desta quarta-feira
(18) pelo Congresso, poderá comprometer as ações de fidelização dos
turistas que visitarão o país no próximo ano. O alerta é do presidente
da Embratur, Flávio Dino, que participou de audiência pública na
Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR).
Conforme explicou, a redução de recursos não deve afetar diretamente o
número de turistas durante Copa, uma vez que ações de divulgação vêm
sendo feitas desde 2009 e devem garantir, em 2014, a vinda ao país de
cerca de sete milhões de turistas estrangeiros. O problema, disse, são
as atividades de acolhida que devem ser feitas durante a Copa visando à
fidelização desses turistas, para que retornem ou recomendem os destinos
brasileiros quando voltarem a seus países.
– Se não formos competentes no receptivo, na infraestrutura e nas
ações promocionais, os megaeventos ficarão, do ponto de vista histórico,
como uma espécie de ato que não conseguiu se confirmar no momento
seguinte – alertou.
Ao partilhar da preocupação do presidente da Embratur, a senadora Ana
Amélia (PR-RS) disse ser injustificável que o país reduza o orçamento
de turismo “no ano de realização de um evento da magnitude da Copa do
Mundo de Futebol”. Também o presidente da CDR, Antônio Carlos Valadares
(PSB-SE), considerou urgente a recomposição do orçamento do órgão.
Novo modelo de gestão
Na audiência, foi discutido anteprojeto de lei que visa ampliar as
funções da Embratur. Atualmente, o órgão responde pela promoção do país
no exterior, ficando com o Ministério do Turismo políticas e programas
para o turismo em território nacional. Pela proposta, a Embratur seria
transformada em Agência de Promoção do Turismo Brasileiro e agregaria o
conjunto de ações do setor, no Brasil e no exterior.
O anteprojeto também regulamenta mecanismos de parceria com o setor
privado, que poderão ocorrer por meio de termos de cooperação, de
patrocínio a eventos privados destinados à promoção turística e de
parceria com estados e municípios.
Conforme Flávio Dino, o objetivo é construir uma política de Estado
para o setor, que leve em conta interesses do setor privado, dos
turistas e principalmente da população. O anteprojeto está sendo
submetido a consulta pública e deverá ser enviado ao Congresso no
próximo ano.
Para Eduardo Sanovicz, presidente da Associação Brasileira de
Empresas Aéreas, o novo modelo de gestão deve prever financiamentos
perenes e equilíbrio entre interesses estratégicos do país e
rentabilidade da atividade turística.
Preço de passagens aéreas
Sanocicz defendeu ainda a redução da carga tributária sobre a aviação
como condição para crescimento do turismo doméstico, sendo apoiado por
Márcio Santiago de Oliveira, vice-presidente da Confederação Brasileira
de Convention & Visitors Bureaux.
Para a senadora Lídice da Mata (PSB-BA), o importante é a adoção de
medidas que resultem na redução do preço cobrado dos usuários.
– Vocês reivindicam uma menor taxação do setor aéreo e nós
reivindicamos um preço de passagem menor. É preciso encontrar um ponto
de equilíbrio, pois só num jogo de ganha- ganha podemos caminhar. Esse
jogo de perde e ganha não é bom nem para um e nem para outro – disse a
senadora.
Greve
Durante a audiência pública, o senador Rubem Figueiró (PSDB-MS)
manifestou preocupação com a possibilidade de greve de aeronautas e
aeroviários na semana do Natal, conforme tem sido divulgado pela
imprensa. O sindicato da categoria ainda não chegou a acordo com as
empresas aéreas sobre o índice de reajuste salarial, mas Eduardo
Sanovicz se disse confiante nas negociações e acredita que a greve será
evitada.
Agência Senado
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