Fonte: O Imparcial
O Imparcial: Como será a campanha?
Claudean Serra: Vamos oferecer capacitação aos profissionais da saúde, realizar ações educativas e de prevenção nos terminais de integração com distribuição de material informativo e preservativos masculinos e femininos. Os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) do Anil e Lira vão realizar testagens de HIV, Sífilis e Hepatites Virais. Também teremos vacinação contra as hepatites A e B e distribuição de camisinhas nas unidades básicas de saúde. E hoje, dia Mundial de Luta contra a Aids, vamos promover uma caminhada na Avenida Litorânea, onde esperamos a participação de cerca de mil pessoas. Pedimos para que, preferencialmente, as pessoas usem vermelho, pois, no final do trajeto vamos formar um grande laço que representa a luta contra a doença em todo o mundo. Precisamos mostrar a importância da prevenção, pois temos dados epidemiológicos alarmantes.
OI - Como é formada a rede de atendimento da capital?
CS – Além das campanhas, trabalhamos com o diagnóstico e tratamento nos CTAs do Anil, Lira e no Centro de Saúde Bairro de Fátima. Neste último é feito o tratamento, onde o paciente recebe medicação e é acompanhado por equipe multidisciplinar. Estes espaços funcionam de segunda a sexta, manhã e tarde. Paralelamente, todas as unidades básicas de saúde municipal dispõem de preservativos masculino e feminino e o gel lubrificante para distribuição.
OI - Quais ações são promovidas pelo setor?
CS – Temos ações durante todo o ano. No dia mundial de combate à doença realizamos campanhas e serviços. Em datas comemorativas como Festas Juninas e Carnaval; e em escolas, universidades e outras instituições realizamos a testagem e distribuição de preservativos. Atuamos onde há aglomerado de pessoas.
OI – Como ocorre o exame de testagem rápida?
CS - É feito em sala individual com análise de uma gota de sangue retirada com um furinho no dedo. O teste rápido é tão confiável quanto os testes de laboratório e é garantido pela Anvisa e Ministério da Saúde. Em 15 minutos tem-se o resultado.
OI - Qual a demanda por este exame e sua avaliação dos resultados?
CS – A média é de mil exames por mês nos centros de referência. Se somarmos as campanhas no mês, temos aí cinco mil testes mensais, em média. O teste é garantido, há o sigilo à pessoa e tem sido muito bem aceito pela população. Falta, talvez, um pouco mais de divulgação.
OI – Há população de risco?
CS – Trabalhamos com profissionais do sexo e usuários de drogas, não que sejam população de risco, mas sim, vulneráveis, devido algumas práticas, por isso realizamos um intenso trabalho com este público aos fins de semana e noite.
OI – Quanto ao levantamento do Ministério da Saúde, quais as implicações destes registros?
CS – Os registros nos levam a intensificar mais as ações já realizadas, fazer com que as pessoas deem mais importância à doença e garantir mais acesso ao serviço. E quando realizamos os testes rápidos acabamos por descobrir mais casos e a partir disto, criamos mais estratégias para prevenção e tratamento.
OI - A que o senhor atribui os registros?
CS - A principal via de transmissão da doença é a sexual e as pessoas têm ainda um tabu ao falar em sexo. Mesmo com as campanhas, os registros crescem porque as pessoas ainda veem a Aids como doença do outro e não veem a importância de se prevenirem. O fato da doença já ter um tratamento e garantir uma sobrevida, as pessoas acabam por banalizar os riscos. E o vírus passa muito tempo sem manifestação, ou seja, a pessoa pode ter a doença, mas não sabe. Dados do Ministério dizem que um em cada quatro jovens não usa o preservativo. Então, são várias as situações que somam no aumento de casos. As pessoas devem entender que a Aids tem tratamento, mas não tem cura e que usar preservativos é a única maneira de se prevenir.
OI - Quais as maiores dificuldades para estabelecer a política de atendimento?
CS - As escolas ainda têm um pouco de resistência em tratar da questão sexual por associar ao incentivo às práticas sexuais; há o preconceito por ser uma doença que não tem cura; e as pessoas que não veem o problema e não se previnem.
OI - O que ainda falta para diminuir estes registros?
CS – Mais investimento em campanhas de prevenção e informação, pois a falta de conhecimento leva a pessoa a ter práticas de risco; e garantir à população o acesso aos insumos – tratamento, medicamentos, materiais. Se isso funcionar em harmonia teremos um ciclo de prevenção.
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