EUA querem posse de locais de pouso na Lua
Vendo que a batata está assando, congressistas americanos discutem a
possibilidade de criar uma lei que transforme todos os locais em que
houve pousos tripulados na Lua em Parques Nacionais dos Estados Unidos.
O Apollo Lunar Landing Legacy Act foi introduzido no Congresso em 8
de julho de 2013, sem dúvida em antecipação à chegada da China na Lua,
com sua sonda não-tripulada Chang’e-3 e o jipe robótico Yutu. O medo é
que futuras missões de outros países — ou mesmo de empreendimentos
comerciais — adulterem os locais históricos em que homens pela primeira
vez caminharam sobre a Lua.
A proposta colocaria os seis sítios, que abrigam pegadas, bandeiras e
artefatos tecnológicos deixados pelos astronautas, sob jurisdição do
Departamento de Interior dos EUA. Só que a ideia tem vários problemas,
de ordem prática e legal.
Em termos da legalidade, os Estados Unidos são signatários do chamado
Tratado do Espaço, posto em efeito em 1967, que diz que nenhum país
pode clamar para si a posse de partes de corpos celestes.
Dizem os
congressistas defensores da nova legislação que o Parque Nacional seria
composto apenas pelos equipamentos deixados na Lua, e não pela Lua em
si, mas é obviamente uma “mandraqueada” para se apropriar de um pedaço
de terreno lunar.
Um problema mais sério é que os Estados Unidos não têm no momento
condições de patrulhar os supostos parques e protegê-los de invasores.
Se a China decidir que sua próxima sonda vai descer do ladinho da
plataforma do módulo lunar deixada pela Apollo-11, quem estará lá para
impedir? O pessoal vai entrar em guerra por causa disso?
Para encaminhar essa questão numa direção mais produtiva, Henry
Hertzfeld e Scott Pace, da Universidade George Washington, sugerem que a
proteção arqueológica dos sítios Apollo deveria ser feita, não por meio
de uma lei nos EUA, mas sim por acordos internacionais. A sugestão foi
feita recentemente em artigo publicado no periódico científico
“Science”.
Um acordo multilateral, no âmbito da ONU, seria mais difícil de
negociar. Por isso, a dupla sugere acordos bilaterais conforme países
adquirissem capacidade técnica para visitar a Lua. No momento, seria
preciso assinar com a Rússia e, desde a semana passada, com a China.
Fonte: Folha de São Paulo
Fonte: Folha de São Paulo
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